A Identificação Genética – Reação em Cadeia da Polimerase na análise forense e perícia criminal

Gel de PCR
Escrito por Flávia Freitas

Sobretudo, a determinação de marcadores moleculares para a identificação genética representou um grande marco no avanço da ciência forense.

Afinal, por meio desta técnica de identificação genética tornou-se possível determinar a origem de amostras raras, o que de fato, em alguns casos, pode resultar na solução de um caso criminal. Ou por outra, finalizam a angústia de famílias em buscas de respostas em grandes desastres.

Aplicações da identificação genética

A perícia criminal está prevista no Código de Processo Penal. De fato, estabelece-se como uma prática indispensável para a resolução de crimes. O trabalho de identificação genética ou identificação por DNA, é uma das técnicas que podem ser utilizadas pela perícia para a solução de crimes, com alta sensibilidade.
Não apenas na esfera criminal, a identificação genética também é aplicada na solução de desastres de grandes proporções, posto que algumas vezes, o estado das vítimas impede a identificação por outras técnicas.

A aplicação da identificação genética em desastres

Vinte e cinco de janeiro de 2019. Uma das barragens da Mina do Córrego do Feijão da mineradora Vale rompe-se em Brumadinho, região metropolitana de Belo Horizonte, MG. O fato que pode vir a configurar a pior tragédia humana, provocada por rompimento de barragens de minério, das últimas três décadas, contabiliza hoje mais de 160 óbitos.

Dezessete de julho de 2007. O Airbus A-320 da TAM, voo JJ-3054 que vinha de Porto Alegre com destino a São Paulo, protagonizou o maior acidente aéreo do país.  A aeronave derrapou na pista molhada do Aeroporto de Congonhas, em São Paulo. Além disso, cruzou uma avenida e explodiu contra um prédio da própria companhia. Total de 199 mortos por conseqüência do acidente.

Vinte e nove de setembro de 2006. Uma colisão entre um Boeing da empresa Gol e um jato Legacy causou a morte de 154 pessoas. Este foi o segundo maior desastre aéreo do país em número de vítimas. O boing que fazia o vôo 1907, de Manaus para Brasília, caiu em uma região de mata fechada, no Norte de Mato Grosso. O jato Legacy que seguia de São Paulo rumo aos Estados Unidos conseguiu pousar em uma base aérea no Sul do Pará. Os ocupantes do Legacy sobreviveram.

Em situações como as exemplificadas acima, muitas vezes as equipes de resgate as vítimas encontram corpos em situações de difícil reconhecimento.

Em meio ao sofrimento das famílias causado pela incerteza do paradeiro de seus entes queridos a busca por respostas torna-se urgente. Por conseqüência, os abalos emocionais em decorrência da tragédia e da falta de definição dos casos, tornam-se permanentes e incontáveis.

Crimes e a identificação genética

identificação genética de cirme

Posto que é aplicada a casos criminais cujo sigilo e a preservação das vítimas é prioridade absoluta, a utilização da genética forense não recebe muitos detalhes ou destaque na literatura.

Ainda assim, numerosos casos envolvendo estupros, assassinatos, abandono de bebês, crimes ambientais envolvendo espécimes raras, somente tiveram esclarecimento e finalização dada a análise da perícia.

E, inegavelmente, a utilização de técnicas laboratoriais específicas de reconhecimento de material genético é aliada ao trabalho dos peritos.

Assim sendo, a ciência busca, por meio de técnicas mais rápidas e/ou avançadas, formas de mitigar o sofrimento dos envolvidos. Uma dessas técnicas é a técnica de reconhecimento por DNA. Saiba mais a seguir.

Mecanismos

Com o intuito de fazer o reconhecimento de um determinado organismo são diversos os mecanismos e técnicas que podem ser utilizada. No entanto, a escolha do melhor método se dará de acordo com as condições de preservação do organismo em estudo, do tempo e do custo envolvidos no projeto.

Dactiloscopia

identificação genetica e outras metodologias de ientificação

A dactiloscopia é aplicada com a finalidade de realizar a identificação humana através das papilas dérmicas. Assim também chamadas de impressões digitais ou saliências da pele, essas papilas estão presentes na palma das mãos e na sola dos pés.

Para que a técnica seja executada, o perito colhe as impressões digitais estando a pessoa em vida ou em óbito.

Só para exemplificar, em cenas de crime, recolhem as impressões digitais encontradas utilizando mecanismos que envolvem conhecimentos químicos. Em seguida, são realizados procedimentos complementares e ao propósito de estabelecerem comparações e, em conclusão a comprovação da identidade.

Para que haja sucesso na identificação médico legal é obrigatório que o profissional tenha um conhecimento técnico avançado, para conseguir avaliar detalhes que diferem aspectos da anatomia e fisiologia humana.

identificação genética e outras metodologias

Munido do conhecimento e do treinamento necessários, o profissional médico será capaz de identificar, por exemplo, diferenças anatômicas marcantes entre os indivíduos de diferentes raças. Bem como, no formato do crânio, tipos de cabelo e perfil parcial.

De maneira semelhante, algumas variações auxiliam na determinação do sexo do indivíduo. No entanto, verificar essas diferenças pode ser inesperadamente complexo dado o estágio de decomposição dos corpos. Assim formatos diferentes no tórax, bacia e órgãos internos sugerem a presença de um corpo feminino ou masculino.

Sob o mesmo ponto de vista, a identificação de marcas corporais típicas do trabalho realizado auxilia na caracterização do estilo de vida que era mantido pré-ocorrência de óbito. Dessa forma, a caracterização dessas pistas pode ser uma importante ferramenta para diferenciar e eliminar as vítimas.

identificação genética e outras metodologias

Por conter estruturas com traços únicos e por se preservarem em situações adversas, os dentes humanos e maxilares são alvos para investigação em situações de identificação de vítimas vivas ou falecidas.

Nesse sentido, registros odontológicos podem ser recuperados comparados a situação atual da cavidade oral da vítima.

Não só traços anatômicos e morfológicos, bem como a presença de procedimentos odontológicos como coroas restaurativas e estéticas, tratamentos de canal e próteses dentárias, são analisada. Uma vez que essas intervenções são feitas sob medida para cada indivíduo, elas são consideradas no momento da exclusão e confirmação de identidade de vítimas.

Identificação genética (DNA);

A saber, a recombinação gênica é a troca aleatória de material genético que ocorre durante a meiose, no momento de reprodução celular.  Portanto, é essa troca aleatória de genes a responsável pelo alto grau de variabilidade entre os organismos vivos.
De tal forma que cada ser humano tem uma combinação genética exclusiva, o que permite uma diferenciação inequívoca destes organismos (salvo os gêmeos monozigóticos que compartilham do mesmo conjunto de genes).

Com efeito, a técnica de identificação humana por DNA tem sido aplicada, principalmente, nas seguintes situações:

  • Identificação de suspeitos em casos de
    violência sexual (estupros, atentado violento ao pudor, atos libidinosos)
  • Identificação de cadáveres carbonizados ou
    em decomposição
  • Identificação de corpos mutilados
  • Identificação de peças ósseas e órgãos
    humanos
  • Investigação de paternidade
  • Produção de perfis de material genético
    recuperado a partir de evidências de natureza biológica presentes em suportes
    diversos encontrados em locais de crimes (manchas de sangue, manchas de
    esperma, manchas de saliva, pêlos e outros)

A técnica consiste na captura de material de natureza biológica, seguida de extração de DNA, amplificação dos achados por PCR. Posteriormente os produtos da mesma são detectados por eletroforese capilar num sequenciador automático.

Vantagens e desvantagens

As técnicas de identificação baseadas na análise por DNA apresentam pelo menos duas vantagens quando comparada aos métodos tradicionais, a saber.

Primeiramente, o fato de o DNA possuir uma estabilidade química muito grande. Por isso, permanece estável por um longo período de tempo e resistente a situações extremas.

Em segundo lugar o fato de que o DNA está presente em todas as células humanas. Dessa forma, com uma gota de sangue ou através de um fio de cabelo é possível a identificação do sujeito.

No entanto, a técnica é utilizada em última fase de identificação, quando a identificação por dactiloscopia, medicina legal ou odontologia legal não obtiveram sucesso. Isso ocorre pelo fato de a identificação genética ser uma técnica mais onerosa e cujos resultados demoram mais tempo para serem concluídos.

Banco de Perfis Genéticos

Os bancos de perfil genéticos são constituídos, ao redor de todo o globo, com a finalidade de armazenar os dados de perfis genéticos de modo que possam ser confrontados em processos de ações criminais.


O Brasil, por meio do DECRETO Nº 7.950, DE 12 DE MARÇO DE 2013, está entre as nações que possuem um Banco nacional de Perfis Genéticos.

Certamente, a implementação de novos dados a este banco favorece a perícia na busca por informações em diversas investigações policiais permitindo a identificação de criminosos seriais e, evidentemente, auxiliando no alcance da Justiça.

Afinal, em que consiste a Reação em Cadeia da Polimerase

Em suma, a técnica de (Reação em cadeia da DNA polimerase) consiste em realizar in vitro o processo de replicação de DNA, mecanismo de cópia de DNA em todas as células vivas.

É uma técnica que permite que uma pequena região de uma molécula de DNA, um único gene, por exemplo, seja muitas vezes copiado por uma enzima, a DNA polimerase e, posteriormente sua presença (ou ausência) na amostra em análise é evidenciada por mecanismos apropriados de estudos de fragmentos de DNA.

Quer saber mais sobre esta técnica aplicada em diferentes áreas de conhecimento? Clique aqui e saiba mais.

Fontes de pesquisa


Acquacon
Folha UOL
G1
BBC
Correio Braziliense

Acervo O Globo
Biomedicina em ação
Quimica net
Medforense
Perspectivas med
Instituto de criminalística do Pará
IPOG Blog
Jornal mangueiral
D24am


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Atualizado em: 16 de maio de 2024

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